contos de fadas russos
Era uma vez um tsar que vivia em um reino em certo país. Ele tinha três filhos, todos já adultos. Certo dia, porém, Koch, o imortal, levou a mãe deles embora. O filho mais velho pediu ao pai a bênção para ir procurá-lá. O pai deu a bênção, e o rapaz partiu para nunca mais voltar. O filho do meio ficou esperando, esperando, e depois foi pedir a bênção do pai. Ele também partiu e não voltou mais. Por fim, o filho mais novo, o Ivan-tsarévitch, disse ao pai:
- Paizinho! Peço sua bênção para ir procurar a mamãe.
O pai, entretanto, não a deu, dizendo:
- Os seus irmãos se foram, e agora você quer partir também. Desse jeito eu morro de tristeza!
- Não, papai, dê sua bênção para mim ou eu vou sem ela.
O pai abençoou o filho.
Ivan-tsarévitch foi escolher uma montaria: bastava ele encostar a mão em um deles que o cavalo logo caía. Como não conseguiu escolher nem um, saiu a pé da cidade, cabisbaixo. No meio do nada, uma velha o parou e perguntou:
- Por que está de cabeça baixa, Ivan-tsarévitch?
- Saia já daqui, sua velha! Se eu bater uma mão na outra, você se molha toda.
A velha deu a volta por uma estrada e cruzou de novo o caminho dele.
- Saudação, Ivan-tsarévitch! Por que está cabisbaixo?
Ele pensou: "O que essa velha quer comigo? Será que ela não pode me ajudar?", e respondeu:
- Olha, vozinha, é que não consegui achar um cavalo bom para mim.
- O tolinho sofre, mas dá ouvidos aos mais velhos! - respondeu a velha. - Venha comigo.
Ela o levou a uma montanha, mostrou um ponto e disse:
- Cave a terra bem ali.
Ivan-tsarévitch assim o fez, e viu uma tábua de ferro fundido com doze cadeados. Ele arrancou imediatamente as fechaduras, tirou as trancas e abriu uma porta que levava para dentro da terra. Ali estava preso um cavalo digno de um bogatyr, e o animal estava preso por doze correntes. Parecia que ele tinha ouvido o cavaleiro se aproximar e começou a resfolegar e pular, quebrando todas as doze correntes. Ivan-tsarévitch vestiu a armadura, atrelou o cavalo com um arreio e uma sela de Tcherkassk, deu dinheiro à velha e disse:
- Me dá a benção, vozinha, e até mais! Montou no cavalo e partiu.
Viajou por muito tempo, até que por fim chegou às montanhas, uma imensa montanha, que de tão íngreme não era possível subir de jeito nenhum. Ali mesmo os seus irmãos cavalgavam ao redor da montanha, então todos se cumprimentaram e foram juntos. Eles chegaram a uma pedra de ferro que pesava duas toneladas e meia e na qual estava escrito: "quem jogar essa pedra na montanha abrirá um caminho para atravessar". Os irmãos mais velhos não conseguiram levantar a pedra, mas Ivan-tsarévitch conseguiu, com muito esforço, e jogou-a na montanha. Imediatamente surgiu uma escada. Ele deixou o cavalo, furou o dedo mindinho e encheu um copo de sangue, então entregou aos irmãos dizendo:
- Se o sangue desse copo escurecer, não me esperem, porque eu estarei morto!
Ele se despediu e seguiu caminho. Começou a subir a montanha e tinha de tudo para ver! Todo tipo de bosques, de frutas, de pássaros! Ele seguiu por muito tempo até chegar a uma casa, uma imensa casa! Nela vivia a filha do tsar, presa por Koch, o imortal. Ivan-tsarévitch andou ao redor ao redor das grades, mas não encontrou nenhuma porta. A filha do tsar viu um homem, foi correndo até a varanda e gritou:
- Ali, olha, tem uma rachadura nas grades, bata com seu mindinho e as portas vão aparecer.
E aconteceu exatamente assim. Ivan-tsarévitch entrou na casa. A mocinha o recebeu, deu-lhe de comer, de beber e fez perguntas. Ele contou para ela que tinha vindo salvar a mãe das garras de Koch, o imortal. A mocinha disse-lhe o seguinte:
- Vai ser difícil libertar sua mãe, Ivan-tsarévitch! Ele é imortal, vai matar você. Ele vem aqui com frequência... ali está a espada de oito toneladas dele. Você consegue levantá-la? Então vai!
Ivan-tsarévitch não só levantou a espada como a jogou montanha acima e foi embora. Ele chegou a outra casa, mas sabia como encontrar a porta, então entrou e lá encontrou a mãe. Eles se abraçaram e choraram. Ali ele também provou sua força, jogando longe uma bola de oito toneladas. Era a hora de Koch, o imortal, chegar, então a mãe escondeu o filho. De repente, Koch, o imortal, entrou em casa e disse:
- Pfu, pfu! Nunca vi nem ouvi um russo falar, mas um russo esteve aqui na minha casa! Quem esteve aqui? Foi o seu filho?
- O que está dizendo? Por Deus! Você saiu voando pela Rússia toda, matou algum russo e agora está sentindo o cheiro dele - respondeu a mãe de Ivan-tsarévitch.
Ela se aproximou de Koch, o imortal, e com palavras carinhosas, pergunta isso, pergunta aquilo e diz:
- Onde que está sua morte, Koch, o imortal?
- A minha morte - diz ele - está em tal lugar. Lá existe um carvalho, e sob o carvalho existe um baú; dentro do baú existe uma lebre, na lebre existe um pato, no pato existe um ovo, e no ovo está a minha morte.
Pouco depois de dizer aquilo, Koch, o imortal, foi embora voando. Passado algum tempo, Ivan-tsarévitch. pediu a bênção da mãe e foi atrás da morte de Koch, o imortal. Tinha ficado muitas horas sem beber nem comer nada; estava morrendo de fome. Pensou: "se pudesse pegar alguma coisa para comer!" De repente, apareceu um filhote de lobo; ele queria matá-lo. Um lobo saiu da toca e disse:
- Não toque nos meus filhotes, eu vou ajudar você.
Ivan-tsarévitch soltou o filhote, seguiu adiante e encontrou um corvo. Pensou: "É agora que eu vou comer!". Carregou o rifle e começou a mirar. O corvo disse, porém:
- Não me mate, eu vou ajudar você.
Ivan-tsarévitch pensou e acabou deixando o corvo escapar. Seguiu adiante até chegar ao rio e parou na margem. Naquele momento, um peixinho subitamente pulou e caiu ali, em terra firme; Ivan-tsarévitch pegou aquele peixinho, desesperado para comê-lo: "Agora, sim, vou comer!". De repente, porém, uma perca apareceu e disse:
- Ivan-tsarévitch, não coma o meu alevino, eu vou ajudar você.
E o rapaz soltou o peixinho.
E como ele iria atravessar o rio? Ficou ali à margem, sentado e pensando. A perca conhecia exatamente os pensamentos dele, então virou na transversal do rio. Ivan-tsarévitch atravessou o corpo dela como se fosse uma ponte e chegou ao carvalho em que estava a morte de Koch, o imortal. Encontrou o baú. Assim que abriu, a lebre pulou pra fora e saiu correndo. Que jeito de segurar essa lebre! Ivan-tsarévitch tomou um susto e a deixou escapar. Ficou ali pensando no que fazer, mas o lobo, que ele não tinha matado, saiu correndo atrás do animal, pegou-a e trouxe-a de volta para Ivan-tsarévitch. O rapaz ficou feliz, pegou a lebre e a abriu no meio, mas por algum motivo se acovardou. Nisso, o pato escapou e saiu voando. Ivan atirou e atirou, mas só passava perto! Ficou pensativo de novo. De algum lugar, então, chegou o corvo com seus corvinhos e foram todos eles atrás do pato; pegaram-no e trouxeram-no de volta para Ivan-tsarévitch. O rapaz se alegrou. chegou ao ovo, foi até o mar, começou a lavar o ovinho e o derrubou na água. Como tirar dali agora? Era fundo, de perde de vista! Ele ficou pensativo de novo. De repente, a água se mexeu e a perca lhe trouxe de volta o ovo, deitando-o na transversal do rio. Ivan atravessou e foi até a mãe. Quando chegou lá, eles se cumprimentaram, e ela o escondeu outra vez. Nessa hora, Koch, o imortal, veio voando e disse:
- Pfu, pful! Nunca vi nem ouvi um russo falar, mas um russo esteve aqui na minha casa!
- Do que você está falando, Koch? Não tem ninguém aqui – respondeu a mãe de Ivan-tsarévitch.
Koch repetiu.
- Eu não estou muito bem!
Ivan-tsarévitch pegou o ovo. Koch, o imortal, teve um calafrio por causa daquilo. Por fim, Ivan-tsarévitch saiu e mostrou o ovo:
- Aqui, Koch, o imortal, a sua morte!
Koch caiu de joelhos diante dele e disse:
- Não me mate, Ivan-tsarévitch, vamos viver como amigos, e o mundo todo será nosso.
Ivan-tsarévitch não lhe deu ouvidos e esmagou o ovinho; então Koch, o imortal, morreu. O rapaz e sua mãe pegaram o que precisavam e partiram para a terra natal. No caminho, passaram pelo palácio da filha, aquele com o qual ele havia cruzado pelo caminho antes. Pegaram-na e seguiram adiante até chegar à montanha, onde os irmãos de Ivan-tsarévitch continuavam esperando. A mocinha disse:
- Ivan-tsarévitch! Volte comigo para minha casa, eu me esqueci de pegar o vestido de noiva, um anel de brilhantes e uns sapatos sem costura.
Ele desceu a filha do tsar e a mãe, com quem tinha concordado em se casar, e os irmãos as pegaram, mas obstruíram o caminho para que Ivan-tsarévitch não conseguisse fazer o mesmo. Eles voltaram para casa. O pai ficou feliz em ver os filhos e a esposa, mas ficou triste por causa de Ivan-tsarévitch.
E Ivan-tsarévitch voltou para a casa da noiva, pegou o anel de casamento, o vestido de noiva e os sapatos sem costura. Quando chegaram à montanha, ele ficou jogando o anel de uma mão para outra. Surgiram, então, doze rapazes fortes, que perguntaram:
- O que deseja?
- Quero ajuda para atravessar essa montanha.
Os rapazes imediatamente o levantaram. Ivan-tsarévitch colocou o anel, e eles desapareceram O rapaz seguiu para o seu reino, chegou à cidade em que viviam os pais e os irmãos, parou na casa de uma velha e perguntou:
- Vozinha, o que me conta de novo nesse reino?
- Ah, nada, meu filho! A nossa tsaritsa tinha sido levada de refém pelo Koch, o imortal. Três irmãos foram procurá-la; dois encontraram-se e voltaram, mas o terceiro, o Ivan-tsarévitch, não, e ninguém sabe onde ele está. O tsar ficou muito triste com isso. E esses tsarévitches trouxeram, junto da mãe, uma princesa, e o mais velho quer se casar com ela. A moça mandou buscar um anel de casamento em algum lugar ou mandar fazer esse anel que ela quer. Os arautos estão rodando já faz tempo, e ninguém aparece.
- Vai, vozinha, diga ao tsar que você vai fazer, e eu ajudo — disse Ivan-tsarévitch.
A velhinha foi logo se arrumar, saiu correndo para o tsar e disse:
- Vossa majestade! Eu vou fazer o anel de casamento.
- Faça, faça, vozinha! Esse é o tipo de gente que nos alegra — disse o tsar —, e, se não fizer, cortamos sua cabeça.
A velhinha ficou muito assustada, foi para casa e fez o Ivan-tsarévitch fazer o anel, mas o rapaz estava dormindo, despreocupado, porque o anel estava pronto. Ele brincava com a velhinha, e ela tremia, chorava e brigava com ele.
- Você veio do nada — disse —, e eu, a tonta, vou acabar morrendo.
E a velhinha chorou e chorou até pegar no sono. Ivan-tsarévitch acordou de manhã bem cedinho:
- Vozinha, levanta, vamos levar o anel, e olha: não aceite mais que dez rublos por ele. Se perguntarem quem o fez, diga que foi você mesma, não fale nada de mim!
A velhinha ficou feliz e levou o anel, que agradou à noiva.
- É isso mesmo o que eu queria!
A princesa trouxe um prato cheio de ouro, mas a velha só pegou uma moeda de dez rublos. O tsar disse:
- O que é isso, vozinha? Não é pouco?
- E para que eu preciso de muito, Vossa majestade? Quando eu precisar, você me dá.
A velhinha falou isso e foi embora.
Passou algum tempo, e corria a novidade de que a noiva tinha mandado o noivo ir buscar o vestido de casamento ou mandar costurar o que ela precisava. A velhinha também o fez (e Ivan-tsarévitch ajudou) e levou o vestido. Depois, levou os sapatos sem costura; ela só pegou uma moeda de dez rublos para cada um e disse que ela mesma tinha feito aquelas coisas. As pessoas ficaram sabendo que o tsar ia dar uma festa de casamento em determinado dia, então ficaram esperando a data chegar, mas o Ivan-tsarévitch ordenou à velhinha:
- Olha quem eu sou, vozinha!
E a velhinha caiu aos pés dele.
- Paizinho, me perdoa por ter brigado com você!
- Deus perdoa.
Ele foi à igreja. O irmão ainda não tinha chegado. Ivan ficou feliz em ver a noiva; e eles se casaram e foram para o palácio. No caminho, acabaram encontrando o noivo, o irmão mais velho, que viu que a noiva já tinha casado com Ivan-tsarévitch e voltou para casa, envergonhado. O pai ficou feliz em ver Ivan-tsarévitch. Soube da astúcia dos irmãos e, depois de festejar o casamento, mandou os filhos mais velhos para o exílio, fazendo de Ivan-tsarévitch seu único herdeiro.
Opa, parece que esse é o fim. Espero que tenham gostado da pequena fábula que trouxe para vocês. Só para avisar, que essa fábula não é minha, ela é de um livro que comprei um tempo atrás que se chama: Contos de Fadas Russos, do Autor Aleksandr N. Afanásiev. Esse foi o nossa página Um Leitura e um Café. Quem sabe o que terá no próximo? Acompanhem para descobrir!
Até meus leitores!❤
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