Capítulo 3: A Pesquisa Aprofundada
(Da história criada por mim mesma: Lua)
Desde o encontro com o diário, Clara andava diferente.
Não eram seus passos. Era a forma como o chão parecia mais frágil. Como se, a qualquer momento, pudesse ceder e revelar um mundo subterrâneo onde verdades esquecidas sussurravam como folhas ao vento.
Ela passou a dedicar as noites a uma busca quase obsessiva.
Revirava jornais antigos, arquivos empoeirados da biblioteca, cadernos de atas da prefeitura, anotações esquecidas em livros de capa dura. Procurava por nomes. Por pistas. Por qualquer coisa que conectasse Isadora ao casarão na colina — o lugar de onde ninguém gostava de falar.
E então, algo começou a emergir.
Isadora não havia sido a única.
Nos últimos cinquenta anos, pelo menos dez mulheres desapareceram em circunstâncias semelhantes: jovens, introspectivas, ligadas à literatura, à fé… e à solidão. Todas foram lentamente sendo apagadas da cidade. Nenhum boletim de ocorrência. Nenhuma cerimônia. Apenas o sumiço e o silêncio.
Era como se Vila Esperança tivesse aprendido a enterrar almas em vida.
Cada nome que Clara descobria, era como uma página arrancada de si mesma. Porque, em algum nível que ela não sabia explicar, ela se via em cada uma daquelas mulheres.
E então vieram as mensagens.
No começo eram bilhetes deixados sobre a mesa da biblioteca, escritos em letra desconhecida:
“Você está mexendo onde não devia.”
“Nem tudo que está morto quer ser desenterrado.”
“Eles ainda estão por aí. E você está voltando.”
Clara sentiu o medo. Não o medo de ser seguida. Mas de acordar.
Porque havia algo nela que preferia continuar dormindo.
E à medida que se aprofundava, Clara começou a sentir outra coisa:
observada.
Não por olhos físicos. Mas como se uma parte antiga dela mesma — esquecida, ferida, abandonada — estivesse agora prestando atenção. A fé que ela havia deixado para trás… agora chamava por ela.
Naquela noite, ao voltar para casa, Clara encontrou o espelho do quarto trincado.
E em meio às rachaduras, leu algo que ninguém escreveu com tinta:
“Você se afastou, mas ainda dá tempo.”
Ela se ajoelhou. Não porque quis. Mas porque não conseguia mais ficar de pé diante da verdade.
Clara percebeu, ali, diante do espelho partido, que sua busca não era por justiça.
Era por redenção.
Não era Isadora que precisava ser encontrada.
Era ela mesma.
✨ Capítulo 4: O Amigo Leal… em breve.
Bom, por hoje é só meus leitores! Até a próxima.❤