Silêncio de Inverno
No ventre gelado da tarde que escurece,
O vento sussurra segredos no ar,
Folhas já mortas, em dança esquecida,
Se espalham no chão sem lugar pra ficar.
O céu veste cinza, tão denso, tão frio,
As nuvens se arrastam sem rumo nem fim,
E o tempo parece parar num suspiro,
Congelando lembranças dentro de mim.
Os galhos desnudos clamam por abrigo,
As sombras se alongam sem ter o que ver,
E a neve, tão pura, tão triste e tão bela,
Cobre o passado sem querer esquecer.
Janelas fechadas, lareiras acesas,
Um chá que fumega nas mãos do avô,
Histórias contadas em vozes pequenas,
Enquanto lá fora o silêncio ecoou.
Caminhos vazios, pegadas que somem,
Trilham a solidão que o frio desenhou,
Cada suspiro parece um lamento,
Do tempo perdido que não mais voltou.
Mas há um encanto na dor que se esconde
Entre as frestas de um galho a gelar,
Pois o inverno, embora pareça silêncio,
É o grito da vida a recomeçar.
Os rios adormecem sob o espelho do gelo,
As aves se calam, os ninhos estão nus,
Mas sob a neve, em segredo profundo,
A terra prepara a chegada da luz.
E quando por fim a geada recuar,
E os brotos surgirem sem medo ou pressa,
Veremos que o frio foi só uma pausa,
Pra que a alma floresça com mais leveza.
👏🏻👏🏻👏🏻
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