Agosto é um mês de fronteira. Não é mais o inverno rigoroso, mas também ainda não é a primavera em sua plenitude. Ele vive nesse meio-termo, nessa respiração entre o frio e o florescer, como se o tempo estivesse se alongando para nos ensinar a esperar.
As manhãs carregam um frio que ainda morde a pele, um vento que lembra que o inverno não quer ir embora tão cedo. Mas à tarde, o sol ensaia passos mais ousados, aquecendo a terra com uma promessa tímida. É como se o próprio mês fosse uma sala de espera entre duas estações — e nós, sentados ali, sem saber se é hora de partir ou de chegar.
Agosto é um convite à paciência. Nem toda transformação acontece diante dos olhos. Há mudanças que são subterrâneas, silenciosas, invisíveis. Como as sementes que repousam no escuro da terra, absorvendo força, até que o momento certo chegue para romper a superfície.
O mundo ao redor continua correndo — é assim o tempo moderno: tudo urgente, tudo para ontem. Mas existe uma sabedoria em desacelerar, em aceitar que alguns processos precisam de mais tempo do que a pressa permite. É uma coragem silenciosa, quase subversiva, resistir ao chamado da correria e optar por andar no compasso do próprio coração.
Talvez seja isso que agosto tenta nos dizer: que não há nada de errado em estar no “entre”. Que não é perda, mas preparação. Que o frio que ainda sentimos não é ausência de vida, e sim o último abraço antes da renovação.
Porque, quando a primavera chegar, não será apenas o campo que florescerá — será também tudo o que estivermos cultivando agora, no silêncio, na espera, na paciência.
E então, quando olharmos para trás, vamos perceber que agosto não foi um tempo vazio, mas um tempo fértil, onde raízes se fortaleceram e sonhos começaram a germinar, mesmo que a superfície ainda parecesse quieta.
Bom, por hoje é só meu leitores. Até a próxima❤