Para quem vive fora do tempo apressado
“Algumas almas florescem devagar. E tudo bem.”
No meio do barulho do mundo, há quem ande mais devagar. Quem respire entre os segundos, quem viva num compasso que não cabe nos relógios digitais. Não por preguiça — mas por necessidade. Por sensibilidade. Por verdade.
Existe um tipo de tempo que não se mede em horas corridas, mas em pausas. Em silêncios sutis. Em neve que cai devagar, como se estivesse dançando com o vento. É nesse tempo suspenso que eu — e talvez você também — se reconhece.
O mundo lá fora corre.
Mensagens chegam sem parar, decisões têm prazo, sentimentos precisam ser respondidos com agilidade. E, no meio de tudo isso, quem vive mais devagar parece deslocado. Como se estivesse sempre atrasado, sempre “ficando pra trás”.
Mas e se essa lentidão for uma forma de cuidado?
E se desacelerar for o único jeito de continuar inteira?
Existem dias em que o corpo se recusa a correr.
O coração bate noutro ritmo. A alma pede espaço.
E é ali, nesse intervalo entre uma urgência e outra, que a gente floresce.
Como o inverno, que mesmo frio e silencioso, prepara o terreno.
Como as árvores nuas, que parecem adormecidas, mas seguem vivas por dentro.
Como a neve, que cai sem pressa, mas cobre tudo de beleza.
O tempo do coração nem sempre combina com o tempo do mundo.
E isso não é erro — é resistência.
Resistir à pressa. Resistir à produtividade desenfreada.
Resistir à ideia de que só vale quem rende, quem entrega, quem não para.
Ser lento é escutar o que a pressa abafa.
É perceber o que está nas entrelinhas.
É dar valor à pausa, ao respiro, à caminhada feita com calma.
No nosso tempo, os relógios congelam.
Mas o amor esquenta.
A escuta se aprofunda.
E a fé aprende a florescer, mesmo sob o frio.
Pode parecer que estamos parados. Mas estamos germinando.
Debaixo da superfície, a alma está viva.
O frio não congela tudo — ele também revela o que resiste.
E que fique claro:
viver devagar não é falha, é sabedoria.
Às vezes, a alma só se encontra quando o mundo desacelera.
Que o seu inverno interior seja gentil.
E que o tempo te abrace, do jeito que você precisa.
📌 Você também sente que vive num ritmo diferente? Compartilha comigo nos comentários ou escreve como tem sido o seu tempo.