O verão nos ensinou a correr. O outono, a deixar ir. Mas o inverno... o inverno ensina algo mais difícil: ficar.
Ficar quando a paisagem não muda. Quando o céu insiste em tons cinzas e o chão parece o mesmo todos os dias. Ficar mesmo sem o calor da pressa ou da promessa. Mesmo sem o verde novo, sem o perfume das coisas que estão por vir. Ficar quando nada vibra lá fora — e mesmo assim tudo se move aqui dentro.
No frio, a vida se retrai. A natureza silencia, mas não desaparece. E talvez seja por isso que o inverno nos causa desconforto: ele nos obriga a ficar com o que resta. Sem as flores, sem os enfeites, sem a distração dos dias longos. Só o essencial. Só o que aguenta. Só o que sustenta.
É um tempo em que o mundo parece suspenso, mas por dentro há uma costura fina acontecendo. Uma preparação invisível. Raízes se aprofundando. Forças sendo guardadas para depois. Ninguém floresce o tempo todo, e tudo bem. O inverno nos lembra que isso não é falha — é ciclo. É sabedoria.
E há algo muito verdadeiro nesse tempo de espera. Porque é fácil estar presente quando tudo é novidade, quando a vida dança. Difícil é permanecer quando ela se aquieta. Quando nada chama, quando nada responde. O inverno não é sobre fazer — é sobre estar. Inteira, mesmo sem brilho. Íntegra, mesmo sem aplauso. Quieta, mas sentindo. Firme, mesmo na dúvida.
Ficar, nesse tempo, é um ato de confiança. É não fugir de si. É olhar para dentro com a mesma atenção que antes se dava ao mundo. E entender que a pausa também faz parte da música. Que não é só nas estações exuberantes que a alma cresce.
Você pode chamar isso de resistência, de força silenciosa, de cuidado consigo. Pode chamar de espera, de recolhimento, de cansaço — tudo isso cabe. Mas seja como for, se estiver difícil hoje, se o tempo parece parado, se você sente que está vivendo o vazio de um inverno interno… não corra.
Fique.
Nem sempre a resposta está em seguir. Às vezes, está em sustentar o agora. Sem pressa. Sem precisar entender. Só sentindo, só sendo.
Porque o inverno não vem para congelar. Vem para conservar o que importa.
E no meio de tanto frio, é dentro que a gente aprende a acender a luz.
Bom, por hoje é só meus leitores! Até a próxima.❤