Existe uma coisa que anda me incomodando: a pressa dos outros!
É como se o mundo inteiro tivesse um relógio igual, (que besteira, nem o da minha casa é igual ao do meu celular) marcando o mesmo compasso, com ponteiros correndo sem pausa, exigindo que todos acompanhem o ritmo. Mas e se eu não quiser?
Tenho sentido isso na pele ultimamente. Daqui a pouco completo 21 anos, e parece que a contagem regressiva para “acertar a vida” está ecoando na minha cabeça. Faculdade, carreira, futuro — todo mundo parece ter a certeza de que eu já deveria estar seguindo um roteiro, como se houvesse um manual invisível do que se deve fazer em cada idade. (tipo aquele filme "O Show de Truman" onde ele vive sua vida já com um manual feito pelas "pessoas".)
Bom, mas eu não tenho esse manual.
E, pra ser sincera, acho que nunca vou ter.
Mãe, eu não sei se você terá uma filha advogada (rs). Talvez nunca. Talvez sim. Mas será que você aceitaria se eu dissesse, sem medo, que o que eu amo mesmo é escrever? Criar histórias? Que eu prefiro a calmaria de um canto silencioso do que as luzes de uma festa? Que eu odeio brigas, mas às vezes sou capaz de largar tudo só para não me estressar com gente inconveniente?
Eu sei que isso não soa como uma profissão. Parece só um monte de pedaços meus, soltos, tentando se encaixar. Mas são pedaços que me formam, e eu estou aprendendo a respeitá-los.
Eu amo escrever, mas não sei se faria disso a minha vida inteira. Eu estou me redescobrindo, e, por enquanto, isso basta. Ter hobbies é uma coisa; decidir viver deles para sempre é outra. E eu ainda não quero amarrar minha vida a uma escolha definitiva.
O mundo me diz para correr, mas por dentro eu sou devagar.
Meu relógio não desperta no mesmo horário dos outros.
Eu caminho no meu tempo, mesmo quando isso parece errado aos olhos de quem me cerca.
E é engraçado, porque quando olho ao redor, tudo parece veloz demais. Os dias passam como segundos, os anos escorrem pelos dedos. O mundo inteiro vive de prazos, metas, resultados. Mas eu não quero me perder nessa maratona que nunca acaba. Não quero viver no piloto automático só porque “já está na hora”.
O relógio é meu.
E se eu quiser pausar, eu pauso.
Se eu quiser atrasar, eu atraso.
Se eu quiser recomeçar, eu recomeço.
Talvez o problema seja que as pessoas confundem lentidão com fracasso. Mas não é. Lentidão também pode ser escolha. É uma forma de cuidar de mim, de não me violentar só para me encaixar na pressa dos outros. É respirar fundo e entender que não existe idade certa para nada. Existe o meu tempo. E eu não vou atropelá-lo só para caber nas expectativas que não são minhas.
Devagar não significa atrasada.
Devagar significa consciente.
Significa que eu quero viver cada passo de verdade, e não atropelar a minha história só para satisfazer expectativas que nunca foram minhas.
Sei que o mundo parece estar sempre correndo, mas eu não tenho obrigação de correr junto. Prefiro ser quem observa o movimento, quem se permite parar, quem encontra beleza no detalhe que a pressa não enxerga.
Talvez eu ainda não saiba qual faculdade quero, talvez eu ainda não tenha todas as respostas, mas sabe de uma coisa? Tá tudo bem. Porque no meu relógio ainda não bateu essa hora.
E quando bater, eu vou saber.
E vou chegar.
Do meu jeito.
No meu tempo.
Bom, por hoje é só meus leitores. Até a próxima... ❤