Era como estar em uma floresta densa, onde o vento sussurra entre as árvores e cada folha parece observar meus passos. O chão tremia sob meus pés, e os sons ao redor — altos, confusos, incessantes — batiam contra minha pele como pequenas ondas, lembrando-me de que eu era pequena diante do mundo que me cercava.
Senti-me como uma gota de chuva em um mar agitado: movida, empurrada, sem chão firme. Cada olhar invisível deslizava sobre mim como pluma pesada, leve e ao mesmo tempo intensa o bastante para me fazer encolher, me tensionar. A ansiedade era um frio interno que subia pela espinha, um vento gelado que não podia ser fechado com roupas ou portas.
É engraçado, pois adorava a multidão, mas depois de tantas páginas, um grupo de pessoas se tornou torturante. Me conectar, conversar, e principalmente ser vista, se tornava impossível quando você sente que cada gesto é observado. É como estar se afogando, mas sem água, ou sentindo a pele queimar, mas sem fogo por perto.
Faltava-me algo que me segurasse, um ponto de apoio, uma mão segura para respirar junto. Sem ele, cada movimento parecia mais pesado, cada suspiro mais difícil. Ainda assim, permaneci. Respirei, devagar, como quem aprende a dançar no meio da chuva, tentando não deixar o barulho e a tensão me levarem.
E então percebi algo sutil, mas potente: mesmo quando nos sentimos pequenos, mesmo quando o mundo parece grande demais, existe dentro de nós uma força silenciosa que nos mantém flutuando. Um fio tênue de coragem, escondido entre cada batida do coração, lembrando que é possível atravessar o turbilhão e, ainda assim, encontrar um instante de calma no meio do caos.
A floresta que me cercava parecia escura, interminável, mas descobri que podia caminhar entre sombras e vento ao mesmo tempo — frágil e livre, assustada e inteira. Cada passo se tornou um ato de resistência, cada respiração, um lembrete de que minha existência importa, mesmo quando tudo ao redor tenta me diluir.
A vida, os acontecimentos me moldaram a me tornar reclusa, a não querer grupos de amigos ou essas coisas que os jovens da minha idade amam. Mas cada página é uma luta para reverter isso. Só não queria julgamentos. Estava lá por Ele, e não pelos outros ou qualquer outra coisa. Fui para lá mesmo doente mentalmente, pois fazia tempo que não aparecia, e mesmo assim, aqueles "olhares" apareceram novamente. Às vezes realmente prefiro nem sair de casa.
Ainda assim, a tempestade continuava. Mesmo entre barulhos, olhares invisíveis e medos que queimam por dentro, percebi que às vezes é demais simplesmente existir. Que posso ser gota de chuva, folha, vento — mas ainda assim me sinto frágil, assustada, e é difícil sentir que pertenço a algum lugar.
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"A gente não é tão importante quanto pensa que é" a gente se preocupa com olhar e julgamento mais do que com a felicidade do processo, dançar no meio da rua por exemplo, pq a gente pensa em estar sendo julgado o tempo todo, mas a gente esquece que da mesma forma que a gente não pensa em julgar ninguém e apenas em ser julgado, muita gente também pensa assim. Muitas pessoas estão focadas em seus próprios problemas, preocupações internas e até às mesmas ansiedades, sabe quando você vê uma pessoa na rua fazendo algo absurdo que "você nunca faria"? Pois é, você esqueceu dessa "vergonha alheia" na mesma semana, ou até no mesmo dia.
ResponderExcluirE da mesma forma é quando você acha que fez um negócio "vergonhoso" com uma semana ninguém lembra direito, eu já vi muita gente gritando na rua, rindo alto, dançando, sendo feliz fazendo esse "algo vergonhoso" mas sabe, eu não me lembro nem quem fez nem quando fez, pq eu passei muito tempo tendo essas preocupações, de ser olhado, mas quando a gente passa aceitar que "ninguém é tão importante quando acha que é" a vida fica mais leve, de um jeito absurdo, demaise.
É bom demaise lembrar de algo engraçado e começar a rir igual doido no ônibus silencioso.
Não sei se consegui transmitir a mensagem que eu queria a quem tá lendo, mas slr, sou estranho.